Eduardo Henrique

A ANMP não precisa reviver o seu passado de glórias, mas precisa, no mínimo, superar a estagnação em que está. Só tivemos perdas nos últimos anos e não preciso enumerá-las, você perito sente na pele. A ANMP precisa se reciclar para vislumbrar um futuro, que seja de glórias ou não, mas em que seja protagonista dos destinos da carreira de perícia médica, que dialogue com o governo e com a categoria, que promova debates para construir teses fortes o suficiente para prosperar. Uma associação não pode ser mero "departamento jurídico" e "protocolizadora de ofícios".
Nos tornaram um cartório burocrático, um sumidouro de dinheiro, uma entidade que não faz política; apenas chantagem, que perdeu a credibilidade.
Neste novo ciclo a ANMP precisa resgatar a política, trocar os interlocutores que não têm mais a menor condição de diálogo com o governo, investir em fundamentação técnica e articulação com entidades médicas e entidades dos trabalhadores. Proporemos mudanças na carreira que contemplem o fortalecimento desta e o interesse da maioria da população e dos peritos. Estas propostas não serão ofícios, terão vida, fundamentação e apoios.

Precisamos pavimentar nosso caminho com conhecimento, produção científica, livros, eventos, debates, pareceres jurídicos, estatísticas para criar massa crítica e, assim, por em evidência pública o papel da Perícia Médica Previdenciária. Os resultados serão capitalizados em benefício público e dos integrantes da carreira numa construção coletiva. Temos que ter espírito público, objetivos e métodos claros, transparentes e legítimos. Isso não é impossível, pois já foi assim. Confio nos integrantes dessa chapa e peço aos que me conhecem e me respeitam que nos apoiem.
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Querem saber o que penso da carreira? Pois bem, posso dizer que, em meio a essa guerra para se impor contra a vontade da maioria, este post é um alento bem vindo. Li o que foi escrito e aplaudo a didática e os conteúdos.

Em primeiro lugar, temos que saber que nossa atividade pericial tem dois aspectos antagônicos, a imensa importância social e econômica e o imenso antipatismo que causa um médico que desconfia de seu "paciente". Precisamos nos compreender também sob a perspectiva do periciado, do sindicato, do radialista, da dona de casa. Se o governo for desagradar essa turma toda nos valorizando ele não vai nos valorizar. Fizemos tudo errado nas 2 últimas rodadas do governo, propalamos arrogância, autonomia médica como se fosse um privilégio de casta que estava sendo reclamado! Tudo errado, a autonomia é elemento indispensável para nossa missão social e esta missão social é que deveria ser exaltada, com a humildade de quem serve ao público.

A argumentação precisa ser consistente e alcançar a sociedade organizada, para isso é preciso que se construa números, estatísticas, pareceres etc. Não fizemos nada disso e ainda usamos dados de 2006!
É preciso procurar os interlocutores, até a CUT! Desencastelar, descentralizar o debate!

Acredito que possamos ser uma carreira de elite no serviço público, não por sermos médicos, não pelo que pensamos de nós mesmos, mas pelo que a sociedade reconhecer em nós. Digo sempre que a carreira é o nosso maior patrimônio coletivo, a que nos dá identidade, nos garante renda e aposentadoria decente. Se a carreira definhar, e isso é muito comum acontecer, perderemos nosso futuro de servidores públicos que escolhemos ser. Quando colegas manifestam suas preferências, quanto a modelo de carreira, quanto a jornada ou o que quer que seja, é importante que o façam pensando na própria carreira, no longo prazo e não apenas em necessidades de momento, estritamente pessoais.

Para não ficar extenso, digo que confio em nossa perspectiva profissional de peritos, mas é preciso trabalho de base, com nossa própria categoria em eventos como o de Ouro Preto, que foi excelente e nunca se repetiu.